Ninguém costura remendo de pano novo em vestido velho. Se o fizer, o
remendo novo rompe o velho, e a rotura fica maior. Ninguém põe vinho novo em
odres velhos. Se o fizer, o vinho novo rompe os odres, e estragam-se tanto o
vinho como os odres. O vinho novo deve ser posto em odres novos.”
Mc 2.21-22
O homem que atendia pelo nome
de Levi, é chamado nesta passagem de Mateus. Jesus o chamou e ele imediatamente
o seguiu. Essa é uma verdade de importância profunda, e com ela
aprendemos que estamos de tal forma presos ao pecado e ao mundo que é
impossível ir ao Senhor em busca de salvação sem antes sermos chamados por ele,
mediante sua graça. Deus precisa falar aos nossos corações, por meio do seu
Espírito, antes podermos falar com Ele. Aqui, o Senhor usa duas parábolas para
ilustrar como devemos recebê-lo em nossa vida.
I. Remendados ou
transformados?
Naquele tempo, remendar era
muito comum, no entanto, não se remenda uma roupa velha com um pedaço de roupa
nova. Assim, as duas ficariam imprestáveis, a roupa nova se estragaria, e a
roupa remendada, no primeiro esforço, se romperia. Recortar o novo ensino de
Jesus para usar apenas um pedaço em um ensino tradicionalista, sem a mesma
essência, faria mal a ambos. As boas-novas de Jesus não podem ser
limitadas pelo sistema legalista dos fariseus.
Ou seja, não adianta querermos
aplicar em nossa vida apenas as partes da Escritura que nos convém, não há
harmonia entre a vida nova e transformada, oferecida por Jesus, e vida antiga,
de pecado e legalismo. Jesus é graça, e onde há legalismo, não há graça.
É como óleo e água, não se misturam, não se tornam um.
Temos que nos tornar
coerentes, devemos praticar a palavra em sua totalidade e não em partes, não só
naquilo que nos agrada. Vestir uma roupa nova, e não desejarmos somente
remendos que a cada dia que passa ficam piores. Um pequeno remendo logo se
torna um grande estrago, de forma que não apenas os que estão perto podem ver,
mas é visto de longe.
Não devemos ser reconhecidos e
vistos de longe pelos remendos e pela incoerência da nossa vida, mas sim pela
nova roupa, novas condutas, novo modo de ser, de forma que aqueles nos veem
devem querer se "vestir" como nós, querer estar na presença do
Senhor, e não se repugnarem pelo nosso modo de ser, pelo nosso mau testemunho.
A fé se evidencia pelo
comportamento. O vestido velho é a vida comum dos pecadores — o vestido novo é
a vida de santidade, usada pelo novo homem em Cristo.
II. Vinho Novo:
Jesus, Odres Novos: Nossa Vida!!
Continuando a explicação,
Jesus faz também uma comparação com os odres, que eram feitos de pele de animal
e serviam como garrafas. Os odres novos eram elásticos, pois o vinho novo com o
passar do tempo fermentava e aumentava de volume, esticando, consequentemente,
os odres. Os velhos já não eram mais flexíveis, de forma que o vinho novo
facilmente os romperia. Podemos calmamente comparar os fariseus com os odres
velhos, já que essas pessoas se guiavam por regras e costumes rígidos.
Forçar os ensinos de Jesus
sobre fórmulas antigas traria decomposição e ruína. Tomar as suas verdades e
procurar colocá-las em qualquer outro formato diferente dos seus, seria como
estragá-las como um vinho não fermentado. Como dito anteriormente, os ensino de
Jesus não podiam ser limitados pelos costumes farisaicos, estes não suportariam
a pressão das boas-novas, de forma que os dois perderiam o propósito, tanto o
odre rompido, quanto o vinho derramado.
Como podemos querer receber o
vinho novo em nossos odres rígidos e limitados? Temos que desejar uma total
transformação do nosso viver. Não podemos receber esse vinho novo, que é
Jesus, se o nosso odre está cheio do vinho velho. Livremo-nos do
vinho velho antes, e renovemos nosso odre. Isso me lembra o antigo provérbio
chinês "Se você não esvaziar sua xícara, como poderá provar do meu
chá ?".
Se o "vinho novo"
representa o aspecto interno da vida cristã, então o "pano novo"
ilustra a sua vida externa e as conversações.
III. Conclusão
É corriqueiro Jesus chamar
aqueles que nos parecem ser os menos dispostos a cumprir a Sua vontade, aqueles
que parecem estar muito distantes do Reino. No entanto, conforme as
palavras do salmista, “a voz do Senhor é poderosa”, e o chamado de Jesus atrai
os pecadores quebrantando o mais empedrecido dos corações, quebrando as cadeias
dos antigos hábitos, transformando-os em novas criaturas.
Das duas parábolas
apresentadas, ficou claro que Jesus não quer ocupar uma pequena parte da nossa
vida antiga, mas sim transformar a antiga vida em algo novo, satificado. Ele
quer nos transformar. Temos que nos despojar de tudos os ensinamentos
imprestáveis da vida sem Jesus, para recebê-lo plenamente em nossos corações.
Bem-aventurados aqueles que ouvem o Seu chamado e não endurecem os seus
corações.
Que hoje possamos orar, em
nome do Senhor Jesus Cristo, clamando para não permita o endurecimento de
nossos corações, que sejamos flexíveis para receber a verdade transformadora de
Cristo, aceitando a nova vida que Ele nos oferece.
Roberta Jaciane