quinta-feira, 1 de março de 2012

Os Fundamentos da Oração - Salmo 17




Será que existem orações que dão resultados e outras não? Será que os resultados aparecem porque nós temos fé, e os que não aparecem é porque nos faltou fé?
Muitas vezes, tenho visto pessoas sinceras, que colocam diante de Deus todas as suas expectativas, fazendo orações muito bem construídas, com muito sentimento. No entanto a falta de fundamento dessas orações faz com que elas não alcancem uma resposta e, muito menos, o objetivo desejado.
Como podemos ter a certeza se o que eu estou orando será, de fato, atendido? Eu consigo saber se o que eu estou pedindo irá acontecer? Como podemos ter essa certeza?
O texto que lemos nos mostrará que não é simplesmente orar que vai fazer com que Deus responda sua oração. Tem muita gente orando há muitos anos por motivos que não serão atendidos.
No Salmo 17 vemos um adorador, servo de Deus, que estava sendo ameaçado: ... “com a tua mão direita salvas os que em ti buscam proteção contra aqueles que os ameaçam ...” (Sl. 17:7).
 No versículo 9 ele diz: ... “dos ímpios que me atacam com violência”...
No 10 e no 11 também lemos: “Eles fecham o coração insensível, e com a boca falam com arrogância.(...)... me seguem os passos, e já me cercam; seus olhos estão atentos, prontos para derrubar-me”
 Davi estava sofrendo com emboscadas, pessoas querendo matá-lo, pessoas com soberba. É nessa oração, em que um homem de Deus sofre, que vamos responder essas perguntas que foram levantadas.
Teríamos alguma garantia de que as nossas orações serão atendidas?
É necessário saber que as nossas orações devem ser fundamentadas, firmadas em alguns princípios para que elas sejam atendidas.  
Esse texto nos mostra Três Fundamentos onde nossas orações devem ser feitas. 

1º Devem ser feitas Fundamentadas no Pacto de Deus.

Não é simplesmente porque desejamos ou porque está em nosso coração que Deus irá responder como queremos.
No versículo 7 deste salmo lemos:
 “Mostra a maravilha do teu amor, tu, que com a tua mão direita salvas os que em ti buscam proteção contra aqueles que os ameaçam”.
 Davi estava fundamentado no pacto que Deus tinha feito com aquele povo. Não era uma oração perdida, fundamentada em nada.
Quando Davi pede a Deus que lhe mostre as maravilhas do Seu amor fiel, ele tem em mente o que Deus tinha estabelecido em Êxodo 15  
Esse termo “mostra-me a maravilha do teu amor” remetia-se para Êxodo 15:11-13: “Quem entre os deuses é semelhante a ti, Senhor? Quem é semelhante a ti? Majestoso em santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas? Estendes a tua mão direita e a terra os engole. Com o teu amor conduzes o povo que resgataste; com a tua força tu o levas à tua santa habitação”.
 Ele reconhece esse Deus que, ao longo da história, tem manifestado maravilhosamente o Seu amor. Davi, então, lembrando o pacto que Deus fez com o povo de Israel, pede ao Senhor que distinga esse amor, com o qual efetivou um compromisso com eles.
 No versículo 8 o salmista diz:“Protege-me como à menina dos teus olhos; esconde-me à sombra das tuas asas”.
 Ele diz nesse versículo do pacto que Deus havia feito com aquela nação. Vejamos Deuteronômio 32:10-11: ...”guardou-o como a menina dos seus olhos, como a águia que desperta a sua ninhada, paira sobre os seus filhotes, e depois estende as asas para apanhá-los, levando-os sobre elas”.
  Davi olha para o pacto que Deus fez com Israel e pede que, igualmente, cuide dele como a menina dos Seus olhos e que lhe estenda Suas asas.
 A situação em que o salmista vivia era crítica, difícil, porém, ele conhecia o compromisso de Deus. Assim como Davi conhecia o pacto no qual ele buscava, nós vamos encontrar o Senhor Jesus nos dizendo:“Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados”. (Mt. 26:28).
 Foi o escritor de Hebreus que disse, no capítulo 8:6-7:... “assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores (... ) se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra”.
 A aliança que havia no tempo de Davi tornou-se insuficiente, fazendo com que se estabelecesse nova aliança, proposta no sangue do Senhor Jesus Cristo.
As nossas orações têm que estar fundamentadas no pacto que Deus fez conosco, porque se for apenas na expressão do coração ou no desejo pessoal, sem o fundamento do compromisso de Deus, essa oração não se sustentará.
 Segundo Fundamento onde nossas orações devem ser feitas. 

2º) Devem ser feitas Fundamentadas nas Promessas de Deus.

Na oração de Davi há o reconhecimento de um pacto, que por sua vez envolve promessas.
  A situação crítica em que Davi estava vivendo estava alinhada com algumas coisas que Deus havia estabelecido.
 No versículo 13 do salmo 17 lemos:“Levanta-te, Senhor ! Confronta-os ! Derruba-os! Com a tua espada livra-me dos ímpios”.
 O salmista está pedindo que Deus reprima seus inimigos, que o livre dos ímpios, que seus inimigos se enriqueçam de tal maneira que só pensem nessa vida, tanto eles quanto seus filhos.
Deus tinha um compromisso, como vemos no versículo

14: “Com a tua mão, Senhor, livra-me de homens assim, de homens deste mundo, cuja recompensa está nesta vida. Enche-lhes o ventre de tudo o que lhes reservaste; sejam os seus filhos saciados, e o que sobrar fique para os seus pequeninos”.
 Sendo que a lei, no pacto firmado em Deuteronômio, dizia: “Saibam, portanto, que o SENHOR, o seu Deus, é Deus; ele é o Deus fiel, que mantém a aliança e a bondade por mil gerações daqueles que o amam e obedecem aos seus mandamentos”. (Dt 7:9).
 Havia a afirmação de que, quem fez esse pacto era um Deus amoroso, bondoso e fiel, que mantém sua palavra por mil gerações. Davi sabe que Deus é fiel e bondoso.
Podemos perceber que Deus está fazendo algumas promessas e assumindo alguns compromissos com eles. Era uma parte da promessa que Deus havia feito, de que, quando o inimigo os atacasse, Ele os livraria.
 Observe em Dt 28:7 “O SENHOR concederá que sejam derrotados diante de vocês os inimigos que os atacarem. Virão a vocês por um caminho, e por sete fugirão”.
 Oração não significa pedir algo que Deus não quer fazer, ela é um meio de nós estabelecermos uma comunhão para desfrutarmos de tudo aquilo do Ele nos quer dar.
Então, ao pedir para ser liberto dessas pessoas, desses inimigos que o cercavam, Davi estava apenas pedindo algo que Deus já havia prometido.
Davi era o rei que comandava o povo de Deus e, como líder dessa nação, ele tinha que liderar o povo a cumprir a vontade de Deus. Naquela condição de quem eles eram, naquela época, significava que eles eram representantes de Deus e, conseqüentemente, os seus inimigos eram inimigos de Deus.
Ele estava, então, combatendo pessoas que agiam totalmente contra a aliança de Deus.   E o salmista diz: “Senhor, faz alguma coisa, pois o Senhor prometeu”.
 O problema de hoje é que, grande parte das orações, e algumas interpretações das Escrituras, estão propondo ou focalizando não aquilo que Deus prometeu, mas aquilo que a pessoa quer ou não. Provavelmente você já ouviu o texto de João 14: 13-14: 13  “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14  Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”.
Você pode pensar que esse texto está dizendo que você terá tudo o que sonhou, pois, afinal, o Senhor disse que tudo o que você pedir Ele lhe dará. É preciso que nós olhemos tanto para o contexto em que se insere essa passagem, como para o que estamos pedindo.
Jesus prometeu que faria tudo quanto os discípulos pedissem pro qual motivo? Para que o Pai fosse glorificado.
Para que o Pai fosse glorificado Jesus haveria de fazer tudo que pedissem em Seu nome.
 Não é qualquer coisa que você pede que Deus lhe dará. É possível pedir algo e não obter, quando a oração não está focada no que Deus quer ou no que Ele prometeu.
 Terceiro Fundamento onde nossas orações devem ser feitas. 

3º) Devem ser feitas Fundamentadas nas Exigências de Deus.

O pacto tinha dois lados: Deus o firmava com promessas, mas também com exigências.
  No versículo 1 o salmista diz: “Ouve, ó Senhor a minha justa queixa”.
  No pacto, o Senhor havia dito: “Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor”. (Dt. 6:4).
 Havia pessoas distintas nesse pacto: o Deus que o propunha e estabelecia, e o povo que se relacionava com esse Deus.
 Vejamos o que dizia o pacto: “Todas estas bênçãos virão sobre vocês e os acompanharão, se vocês obedecerem ao SENHOR, o seu Deus (Dt. 28: 2).
 “Entretanto, se vocês não obedecerem ao SENHOR, o seu Deus, e não seguirem cuidadosamente todos os seus mandamentos e decretos que hoje lhes dou, todas estas maldições cairão sobre vocês e os atingirão”. (Dt. 28: 15).
  O compromisso que Deus estabeleceu tinha exigências, às quais o povo tinha que cumprir para desfrutar das promessas de Deus. Da mesma maneira como havia uma lista de bênçãos, se o povo não cumprisse as ordens de Deus, havia uma lista de maldições.
 Logo no começo de sua oração, Davi diz ao Senhor:
“Ouve a minha causa justa”. (1)
 No versículo 1 ele diz que o Senhor o conhece e, de acordo com a lei, não fala nada que não seja verdade:... “minha oração, que não vem de lábios falsos”
 No versículo 2, igualmente, é dito:  “Venha de ti a sentença em meu favor; vejam os teus olhos onde está a justiça!”
 Esse homem está com sua consciência totalmente limpa.
Nos versículos 3 e 4 lemos: “Provas o meu coração e de noite me examinas, tu me sondas, e nada encontras; decidi que a minha boca não pecará 4 como fazem os homens. Pela palavra dos teus lábios eu evitei os caminhos do violento”.
 Até quando ele estiver distraído, ou dormindo, sem poder se defender e contra-argumentar, Deus pode examiná-lo, pois ele está sendo íntegro.
 Esse homem tem um compromisso com Deus. Sua boca não é um instrumento de destruição, de falar mal, de rebeldia.
 No versículo 5 ele diz: “Meus passos seguem firmes nas tuas veredas; os meus pés não escorregaram”.
 No Novo Testamento, nós também podemos encontrar essas promessas e exigências divinas.
 Vejamos I Timóteo 2:8: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões”.
 A idéia aqui é que, você pode orar, mas precisa deixar claro que suas mãos não têm marca de sangue, não têm culpa.
 Pedro diz o seguinte:  “Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações”. 1Pedro 3:7
 Ou seja, a condição para Deus ouvir sua oração é que você trate bem seu marido ou sua esposa. Isso vai mexer com a eficiência da sua oração.
             Já em I João 3: 21-22 lemos : “Amados, se o nosso coração não nos condenar, temos confiança diante de Deus e recebemos dele tudo o que pedimos, porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que lhe agrada”. 
          A resposta da oração é condicionada a fazermos Sua vontade e obedecermos ao que Ele diz. Para obedecê-Lo, precisamos conhecer as Escrituras.
Se você não conhece o pacto, as promessas e as exigências, sua oração pode ser, simplesmente, um falatório, um gastar salivas.
Nós vivemos em dias em que as pessoas estão sendo movidas somente por emoções e por boas intenções, sem nenhum fundamento.
Na condição de adoradores, de intercessores e de pessoas que oram a Deus, precisamos nos perguntar se estamos aptos a nos aproximarmos de Deus e a dizer, tal como Davi: “Senhor, ouve a minha causa justa. O que eu estou pedindo está de acordo com Suas orientações e o Senhor bem sabe”. (1)
 Conclusão: Quer ser ouvido por Deus? Busque fundamentar suas orações no Pacto de Deus, nas Promessas de Deus e nas Exigências de Deus.



 Pr. João Rodrigo Seemam



Sermão Proferido na Igreja Batista em Parque Das Nações – 20/01/10
Pr. João Rodrigo Seemam

Um comentário:

  1. Que texto incrível. Deus abençoe sua vida Pr. João!
    Que a revelação da Palavra permaneça em seu coração e que elas sejam flechas pra cada pessoa que ler e internalizar a verdade descrito nesse texto!

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